O manifesto é em alusão ao Junho Violeta, mês de Conscientização da Violência Contra o idoso
Como forma de conscientizar a população, os alunos do Grupo de Teatro Renascer Izael Tavares, da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), apresentam o manifesto “O Grito”, que traz à tona a violência e os maus-tratos contra a pessoa idosa. A montagem expressa as angústias em relação ao desprezo, a violência física, psicológica e emocional que tem crescido dentro dos lares.
A atividade é em alusão à campanha Junho Violeta, mês de Conscientização da Violência Contra o idoso, quando a Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade promove uma série de ações para sensibilizar a sociedade quanto à importância do respeito à pessoa idosa, entre elas, as encenações do espetáculo “O grito”, apresentados pelos educadores sociais do envelhecimento.
De acordo com o diretor-presidente da FUnATI, Dr. Euler Ribeiro, a violência cometida contra pessoas idosas é um fenômeno de amplitude mundial.
“Dos 36 milhões de pessoas com 60 anos ou mais foi constatado que 17% desta população sofreu este ano com violência física, psicológica, de abandono e financeira. Mas tem um tipo de violência, entre elas, que é terrível para as mulheres idosas, que é a violência sexual. Então, eu faço um apelo à sociedade do Amazonas e do mundo: vamos respeitar as pessoas que tiveram o privilégio do envelhecimento”, ressaltou Euler.
A autora do manifesto e coordenadora do Teatro Renascer, Lilian Machado, explica que as encenações iniciaram em 2012, com a necessidade de quebrar o silêncio do crime de maus-tratos e denunciar aos órgãos competentes.
“Ainda é preciso gritar por toda essa violência que a pessoa idosa passa no mundo. O Grito vem para mostrar essa emoção contida. Esses personagens são a voz de vários idosos que infelizmente passam por isso. E a gente trouxe esse manifesto individual para que não fosse um espetáculo poético, mas para sacudir a sociedade e trazer para a realidade em que muitos idosos vivem”, disse.
Carmem Guedes, de 75 anos, que interpreta uma mãe que sofre violência doméstica pelo próprio filho, ressalta que o manifesto é um grito de socorro, angústia e desespero, que muitas vezes é sufocado pela sociedade, mas que através da interpretação, ecoa como liberdade.
“Nosso grupo é composto por dez personagens e cada um faz um manifesto. O meu papel é quando o filho bate na mãe, é muito triste acontecer isso dentro de uma família e ninguém se importar. Quando estamos no fim da vida, a gente pensa em ter uma boa casa, boa alimentação e ser amado e querido pela própria família, e quando isso não acontece, bate o desanimo”, explicou Carmem.
O espetáculo é apresentado em vários espaços públicos como forma de conscientização.